Reformar sem perder a essência foi o desafio proposto ao escritório Quam Arquitectura
pelos novos donos de uma casa em Madri, erguida em 1914. O projeto fez
uma nova leitura dos espaços para ampliá-los e também preservou
elementos da construção quase centenária, como parede de tijolos, portas
de correr, piso de madeira sólida, maçanetas, janelas e aquecedores.
Mesmo mantendo o ar industrial — marcado, principalmente, pelos
tijolos aparentes nas colunas, pelo aquecedor e pelas linhas retas —, a
cozinha sofreu a maior alteração na reforma. Ao mudar sua localização, o
cômodo agora cria uma suave transição entre a área social e a privada:
como ela fica atrás da estante de livros, a cozinha enxerga a casa,
participando mais do seu dia a dia, enquanto protege os três quartos e
os banheiros das visitas fortuitas. A mesa branca tulipa, design de Eero
Saarinen, com as clássicas cadeiras de madeira Thonet, de assento de
palha, são uma síntese do décor, que contrasta o moderno ao antigo.
Esse jogo de idade desenha o living. A mesa de vidro com base
geométrica e a bela luminária Arco, de Achille Castiglioni, criam
harmonia com os quadros, enquanto desafiam as peças garimpadas em
antiquários, como o sofá colorido e o tapete de zebra. Ainda no mesmo
ambiente, uma mesa de madeira e duas cadeiras pretas Tolix fazem as
vezes de escritório para aproveitar a luz que entra pelos janelões. Já
na sala de jantar, separada pelas portas de correr do living, as Tolix
surgem na cor ferrugem ao lado de poltronas forradas de tecido. As obras
de arte, o papel de parede quadriculado e o lustre de cristal completam
o ar contemporâneo do ambiente.
O quarto, por sua vez, explora bastante as texturas, com a cabeceira
cinza atapetada, o papel de parede e as banquetas forradas de
arabescos. A tapeçaria e as mantas Hermès e Missoni jogadas sobre a cama
acolhem e aquecem ainda mais a suíte. A cadeira Barcelona, ícone de
Mies van der Rohe, pincela o local com modernidade.
Via Vogue
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